Pesquisa

Tecnoceno e Lutas Cosmotécnicas: transição societal face à hegemonia cibernética

Sobre
Pimentalab é um laboratório transdisciplinar sediado na UNIFESP que atua em investigações sobre práticas de conhecimento, tecnopolíticas e lutas sociais. Constituído em 2010 por pesquisadoras/es, estudantes e ativistas, realiza atividades de pesquisa, extensão, formação e comunicação.

Problemas investigados
Investigamos as dinâmicas societais a partir da agência dos arranjos tecnocientíficos nas economias capitalistas, considerando que a informatização digital caracteriza o tópos tecnológico de nossa época. A crescente mediação digital participa das reconfigurações dos modos de produção de conhecimentos, regimes de subjetivação, cultura, economia, política e técnicas de exercício do poder. Simetricamente, acompanhamos as formas coletivas de resistência, experimentação e produção do Comum nas interfaces entre territórios, corpos, saberes, tecnologias e formas de vida.

Como pesquisamos
Perseguimos uma prática de pesquisa multiescalar para pensar as reverberações do Antropoceno/Tecnoceno e a Guerra de Mundos que ele engendra, buscando cartografar nas lutas sociais as experimentações tecnológicas, criações de mundos e práticas de conhecimento.

Hipótese inicial e Imaginações
Diante da tripla crise que enfrentamos – epistêmica (mutações no regime de verdade), política (erosão das instituições democráticas) e socioambiental (mudança climática) – acompanhamos a hipótese segundo a qual algumas lutas tecnopolíticas podem inaugurar/atualizar conflitualidades de ordem cosmopolítica.

Ao descrever experimentações tecnológicas que tensionam o regime de verdade cibernética e buscam infraestruturar outros valores e cosmovisões em suas práticas técnicas, desejamos caracterizar a tecnodiversidade reivindicada por esses coletivos. A criação e sustentação de cosmotécnicas contra-hegemônicas depende da existência de formas de vida dissidentes aos dispositivos de abstração-codificação-extração digital cibernéticos.

Investigações sobre a fabricação de mundos e suas tecnologias; lutas contra a hegemonia cibernética e seu regime de verdade algorítmico; a defesa e criação de coletividades políticas contra a conversão do vivo em recurso, propagada pelas formas de abstração digital e pela relação extrativista com a Terra e seus entes. Trata-se, portanto, de refletir sobre práticas tecnológicas entramadas em conflitualidades cosmotécnicas que enunciam a emergência de outras formas da política, atores e institucionalidades.

Projetos de pesquisa em andamento:

  • Da tecnopolítica à lutas cosmotécnicas: hegemonia cibernética e bifurcação tecnológica
  • Virada cibernética, conflitos ontoepistêmicos e mutações políticas
  • Assimetrias e (in)visibilidades da Vigilância: conhecimento situado, pesquisa e ação social na América Latina – Desenvolvida no âmbito da Rede Latino americana de Estudos em Vigilância, Tecnologia e Sociedade (LAVITS) com apoio da Fundação Ford.

Linhas de Pesquisa

  1. Cosmotécnicas e Bifurcação Sociotécnica: reconhecendo a forte agência dos arranjos sociotécnicos e a maneira como a inovação tecnocientífica tem influenciado e governado os modos de vida contemporâneos, mas também contribuído para a intensificação dos problemas socioambientais e políticos, estamos interessados em investigar a tecnodiversidade de coletivos humanos, onde a criação tecnológica esteja orientada por outras cosmovisões constitutivas de formas de vida que podem inspirar rotas de bifurcação e transição societal face ao colapso civilizatório e socioambiental em curso. Alguns temas abarcados: autonomia e soberania tecnológica; imaginários sociotécnicos e produção de futuros; tecnopolíticas do Comum; design e inovação social; geopolítica e Antropoceno/Tecnoceno.
  2. Tecnologias Digitais e Reconfigurações Societais: a crescente reticulação e presença ubíqua das tecnologias de informação digital reconfigura diversos domínios da vida social. Essa linha de investigação desdobra-se em sublinhas que abarcam diversos recortes do problema: (a) os regimes de produção de conhecimento (ontologias e metafísica informacional; sistema de expertise; ciência aberta; disputas sobre o real/verdadeiro; dataficação e conhecimento algorítmico, humanidades digitais); (b) técnicas e modos de exercício do poder (sociedade de controle, governamentalidade algorítmica, modulação existencial, poder preditivo, extrativismos e militarização); (c) modos de subjetivação e regimes de sensibilidade (agenciamentos estético-político; transinvididual e dividual, corpo e sensibilidade, sujeição e servidão maquínica, identidade algorítmica); (d) economia informacional (metamorfoses no trabalho tecnomediado; Comum; capitalismo informacional e de vigilância, plataformização, economias alternativas); (e) modos de ação política (tecnoativismo, resistências e criações tecnopolíticas, ativismo digital).
  3. Pesquisa situada e experimentações micropolíticas: realização de pesquisas colaborativas na produção de saberes situados e contra-hegemônicos; criação de protótipos e experimentações de novas institucionalidade; design e infraestruturas do Comum; ciência aberta/cidadã/ativista; práticas em educação e ensino; formas de vida e modos de conhecer; ação política e problemas de escalabilidade.

Projetos de pesquisa recentes:

contato: henrique.parra [@rroba] unifesp.br

Link para Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq: http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0062702EOV4GQX